domingo, 28 de novembro de 2010

Análise da Música

 

Geração coca-cola

Legião Urbana

Quando nascemos fomos programados
Pra receber de vocês
Nos empurraram com os enlatados
Dos U.S.A., de nove as seis
Desde pequenos nos comemos lixo
Comercial e industrial
Mas agora chegou nossa vez
Vamos cuspir de volta o lixo em cima de vocês
Somos os filhos da revolução
Somos burgueses sem religião
Somos o futuro da nação
Geração Coca-Cola
Depois de 20 anos na escola
Não é difícil aprender
Todas as manhas do seu jogo sujo
Não é assim que tem que ser
Vamos fazer nosso dever de casa
E aí então vocês vão ver
Suas crianças derrubando reis
Fazer comédia no cinema com as suas leis
Somos os filhos da revolução
Somos burgueses sem religião
Somos o futuro da nação
Geração Coca-Cola
Geração Coca-Cola
Geração Coca-Cola
Geração Coca-Cola

Composição: Renato Russo / Fê Lemo

Análise:

“Depois de vinte anos na escola”. Seria conspiração excessiva? Quero acreditar que Renato Russo está nos lembrando aqui o período de, também, vinte anos de ditadura militar no Brasil. Tempo suficiente para lembrar de outro jargão: “Já que não dá pra vencê-los, junte-se a eles”, “não é assim que tem que ser”. Difícil descobrir se é uma pergunta ou uma afirmação positivista.

Renato a temporal! Russo profeta! “Suas crianças derrubando reis”. Geração Coca-Cola, cara-pintada, internet, desempregada, não importa. Fato é que (fora do regime militar) temos voz e corremos atrás, bem menos do que deveríamos, mas “vamos fazer nosso dever de casa”. A primeira lição foi a campanha pelas Diretas-Já, um memorável movimento cívico popular. Não conseguimos, inicialmente, mas houve mudanças significativas. Também não dá para deixar de comentar o impeachment do então Presidente Collor de Mello (nesse eu estava lá, cara-pintada, cheia de esperança… ilusões), a verdade é que falta mais esclarecimento, uma visão mais crítica, mais apurada da política atual…
Para não ficar só no faz-me rir… E quanto à “fazer comédia no cinema com as suas leis”, “seria cômico se não fosse trágico” o sucesso do filme “Tropa de Elite” de José Padilha, que revela toda a sujeira por trás dos sistemas no país. Que vergonha a realidade quando revelada, assim, abertamente.


O título é uma alusão ao trabalho de marketing da Pepsi anos atrás da criação da música com objetivo de fisgar os novos consumidores, jovens na sua maioria, fidelizando-os para que fossem seus consumidores pelo resto de suas vidas. Naquela época (até hoje) o mercado era totalmente dominado pela Coca-Cola, e a Pepsi criou o slogan “Geração Pepsi” na busca de novos consumidores e consumidores novos. Não é preciso comentar que a campanha publicitária da Pepsi não deu certo, né mas pelo menos serviu de inspiração ao Renato para o título dessa interssante canção.

 Continue lendo as diversas interpretações aqui.

Dificuldades da Língua em Uso : Presidente ou Presidenta?

Presidente ou Presidenta? Polêmica, agora, é como o brasileiro vai chamar sua superpoderosa

Chamar presidenta fortalece a luta feminista porque sinaliza logo tratar-se de uma mulher?


Paulo  Leandro|Redação CORREIO

Imagina uma cena assim.
- Presidente, presidente, como vai a senhora?
- Presidente uma conversa. Me respeite que eu sou é presidenta. Presidentaaa, entendeu bem? Presidenta!
Este suposto carão de Dilma é só um exercício de fantasia. Mas bem que poderia ilustrar a encruzilhada sociolinguística que sucedeu a eleição de Dilma Rousseff  presidente do Brasil. Ou presidenta. 
A questão pode parecer irrelevante, pois à primeira vista, tanto faz chamar de um ou de outro jeito. Mas ela traz em seu rastro inquietações decisivas para os próximos quatro anos. A escolha por uma ou outra opção gera resultados bem diferentes. Do ponto de vista da norma culta, os dicionários Aurélio e Houaiss já recomendam o uso de presidenta como feminino de presidente ou para a mulher do presidente, mas o debate não se esgota aí.
Chamar presidenta fortalece a luta feminista porque sinaliza logo tratar-se de uma mulher? Presidente, como o CORREIO prefere, é melhor que presidenta para os ouvidos e leitores sensíveis? Dá pra chegar a uma conclusão ou cada um faz sua escolha?

A pedagoga e professora de português, Maria Cristina Vidal, prefere a opção mais fácil de entender. Estabelecida no ramo de suporte pedagógico, a antiga “banca” ou “reforço escolar”, ela ensina a seus alunos escreverem “a presidente” porque “a presidenta não soa bem”.
Cristina compara: “gerenta também existe, mas ninguém chama assim desse jeito. No Exército, não tem soldada, nem capitã... é muito feio!”.
A pró segue os ensinamentos do professor Adalberto J. Kaspary, que vai buscar na  Academia das Ciências de Lisboa, a fonte para defender o uso da palavra comum a homem e mulher: presidente. Segundo a interpretação de Kaspary, “presidenta” pode tornar-se pejorativo, principalmente se ela fracassar.
Chamar de chefa e parenta também ficou meio baixo-astral em contextos específicos de desvalorização da mulher.
Ellen Gracie Northfleet, a primeira mulher a presidir o Supremo Tribunal Federal, se diz presidente, que é mais formal, como pede o cargo. A acadêmica Nélida Piñon seguiu esta trilha, ao apresentar-se como “a primeira presidente” da Academia Brasileira de Letras. Patrícia Amorim é a presidente do Flamengo e não presidenta.
O famoso professor Pasquale Cipro Neto se escala no time que prefere chamar “presidente Dilma”. Em uma de suas aparições em programas de TV sobre língua portuguesa, aproveitou o momento político para decretar: normalmente as palavras que terminam ‘nte’ não têm variação. “O que identifica o gênero é o artigo que o precede, como o gerente, a gerente, o pedinte, a pedinte”. 
A professora baiana, filha de pais russos, Nadegda Kochergin, pede licença para discordar do mestre Pasquale: “Presidenta é melhor porque deixa claro ser uma mulher e a questão de gênero, agora para o Brasil, vai tomar um novo fôlego”.  É assim, “presidenta Dilma” que o Kumon, estabelecimento onde a professora Nadegda trabalha, com 25 unidades em Salvador e Região Metropolitana, vai recomendar a seus 2,6 mil alunos.
Na campanha, o PT divulgou “candidata a presidenta”. Se for dado a Dilma o direito de decidir como prefere, é muito provável que ela determine ser chamada  “presidenta”. 
Antes, a forma feminina se estabeleceu em professora, doutora e juíza, que também soaram estranho nos primeiros anos, mas depois foram assimilados no falar cotidiano dos brasileiros.  

sábado, 20 de novembro de 2010

Atividade Interdisciplinar

Algumas perguntas que ajudaram no seu conhecimento sobre história da arte:

Neoclassicismo

1)                   O que significa neo na palavra Neoclassicismo?
Resposta: Novo.

2)                   Sabendo o que significa neo, Neoclassicismo, portanto trás que idéia?
Resposta: De uma nova tendência estética predominante nas criações dos artistas europeus.

3)                   A arte Neoclássica imitava o que?
Resposta: Modelos antigos greco-latinos.

4)                   Cite outras 2 características da pintura Neoclássica?
Resposta:1) Exatidão nos contornos 2) Harmonia do colorido.

5)                   Cite 2 pintores Neoclássicos:
Resposta: 1) Jean-Auguste-Dominique Ingres 2) Eugène Delacroix.

Romantismo
1)                 O comportamento romântico caracteriza-se pelo que?
Resposta: O comportamento romântico caracteriza-se pelo sonho, por uma atitude emotiva diante das coisas e esse comportamento pode ocorrer em qualquer tempo da história.

2)                 Em que época da história pode ocorrer o Romantismo?
Resposta: Pode ocorrer em qualquer tempo da história.

3)                 Do que os artistas românticos procuraram se libertar?
Resposta: Se libertar das convenções acadêmicas em favor da livre expressão da personalidade do artista.

4)                 Quais as principais características do Romantismo?
Resposta: a valorização dos sentimentos e da imaginação;  O nacionalismo;  A valorização da natureza como princípios da criação artística; e  os sentimentos do presente tais como: Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

5)                   Quais os principais artistas do Romantismo?
Resposta: 1) Goya 2) Eugène Delacroix 3) Turner


Impressionismo

1)                   O Impressionismo revolucionou o quê?
Resposta: O Impressionismo foi um movimento artístico que revolucionou profundamente a pintura e deu início às grandes tendências da arte do século XX.

2)                   Cite as principais características na pintura?
Resposta: 1) A pintura deve registrar as tonalidades que os objetos adquirem ao refletir a luz; 2) As figuras não devem ter contornos nítidos; 3) As sombras devem ser luminosas e coloridas; 4) Os contrastes de luz e sombra devem ser obtidos de acordo com a lei das cores complementares; 5) As cores e tonalidades não devem ser obtidas pela mistura das tintas na paleta do pintor.

3)                   E como foi recebido o novo movimento pelo público e a crítica?
Resposta: O público e a crítica reagiram muito mal ao novo movimento, pois ainda se mantinham fiéis aos princípios acadêmicos da pintura.

4)                   Quais eram os principais artistas do Impressionismo?
Resposta:1) Claude Monet ; 2) Auguste Renoir; 3) Edgar Degas.

5)                   No Brasil quem se destaca nesse movimento?
Resposta: Eliseu Visconti.



Expressionismo

1)                  Do que se trata a arte do Expressionismo? Resposta: É a arte do instinto, trata-se de uma pintura dramática, subjetiva, “expressando” sentimentos humanos.

2)                  Quais as principais características do Expressionismo?
Resposta: 1)pesquisa no domínio psicológico; 2)cores resplandecentes, vibrantes, fundidas ou separadas; 3)dinamismo improvisado, abrupto, inesperado; 4)pasta grossa, martelada, áspera; técnica violenta: o pincel ou espátula vai e vem, fazendo e refazendo, empastando ou provocando explosões; 5)preferência pelo patético, trágico e sombrio.


3)                  Cite os principais artistas do Expressionismo?
Resposta:1) Paul Gauguin; 2) Paul Cézanne; 3) Vicent Van Gogh; 4) Toulouse-Lautrec; 5) Munch.

4)                  Qual artista teve sua principal tendência em converter os elementos naturais para as formas geométricas?
Resposta: Paul Cézanne.

5)                  Na França qual artista era reconhecido como subversivo e o que isto significa?
Resposta: ) Paul Cézanne, no dicionário subversivo significa aquele que provoca revolta, no caso de Cázanne, ele quebrou com a visão estereotipada de que a obra de arte tinha de ser uma cópia da realidade.


Cubismo
1)                 Na obra de quem surgiu o Cubismo?
Resposta: Paul Cézanne.

2)                 Quais as principais características do Cubismo?
Resposta: 1) geometrização das formas e volumes; 2) renúncia à perspectiva; 3) o claro-escuro perde sua função; 4) representação do volume colorido sobre superfícies planas; 5) sensação de pintura escultórica; 6)cores austeras, do branco ao negro passando pelo cinza, por um ocre apagado ou um castanho suave.

3)                 O que o pintor Cubista tenta?
Resposta: O pintor cubista tenta representar os objetos em três dimensões, numa superfície plana, sob formas geométricas, com o predomínio de linhas retas.

4)                 Em quantas fases se divide o Cubismo e quais são?
Resposta: O cubismo se divide em duas fases: 1ª - Cubismo Analítico; 2ª - Cubismo Sintético.

5)                 Quais artistas seguiram as lições de Cézanne?

Realismo

1)                   Cite as características do Realismo:
Resposta: 1) o cientificismo; 2) a valorização do objeto; 3) o sóbrio e o minucioso; 4) a expressão da realidade e dos aspectos descritivos.

2)                   Como era a obra de Auguste Rodin?
Resposta: Não se preocupou com a idealização da realidade. Ao contrário, procurou recriar os seres tais como eles são.

3)                   Quais as características da pintura?
Resposta: 1) Representação da realidade com a mesma objetividade com que um cientista estuda um fenômeno da natureza, ou seja o pintor buscava representar o mundo de maneira documental; 2) Ao artista não cabe "melhorar" artisticamente a natureza, pois a beleza está na realidade tal qual ela é; 3) Revelação dos aspectos mais característicos e expressivos da realidade.

4)                   Quais os temas da pintura realista?
Resposta: 1)Politização: a arte passa a ser um meio para denunciar uma ordem social que consideram injusta; a arte manifesta um protesto em favor dos oprimidos; 2) Pintura social denunciando as injustiças e as imensas desigualdades entre a miséria dos trabalhadores e a opulência da burguesia. 

5)                   Quais os principais pintores?
Resposta: 1)Courbet; 2)Jean-François Millet.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Dígrafos e encontro consonantal

Dígrafos

É importante ressaltar que não se deve confundir consoantes e vogais (que são fonemas, ou seja, sons da fala) com letras (que são representações de fonemas). Note que em palavras como caRRo, paSSar, Chave, maLHo e galiNHa não há encontro consonantal, pois os conjuntos de letras RR, SS, CH, LH e NH representam uma só consoante. A esses grupos de letras que representam uma só consoante, dá-se o nome de dígrafos. Dígrafos, portanto, são representações, feitas por mais de uma letra, de uma única consoante. Incluem-se também entre os dígrafos as com binações de letras QU e GU antes de E e I, e, em alguns casos, SC, SÇ e XC.
OBS: Também não há encontro consonantal em palavras como caMPo e poNTo. Nesses casos, as letras M e N estão apenas marcando a nasalidade (cÃ-po e pÕ-to), não sendo consoantes.
Encontro consonantal

Encontro consonantal é o agrupamento de consoantes em um vocábulo, ou seja, é quando as consoantes aparecem juntas em um vocábulo, quando elas se “encontram”. A própria palavra “encontro” já apresenta vários encontros consonantais (eNCoNTRo). Merecem mais destaque na língua portuguesa os encontros consonantais em que a segunda consoante é /r/ ou /l/. Isso porque eles são muito comuns na língua portuguesa e porque não podem ser separados em sílabas.

Encontros vocálicos

O encontro entre vogais em uma sílaba é chamado de encontro vocálico. No Português, existem três tipos de encontros vocálicos: os ditongos, o tritongos e os hiatos.

Ditongos

O ditongo é o encontro entre vogal e semivogal. Os ditongos podem ser crescentes ou decrescentes, orais ou nasais. Vamos dar uma olhada em cada um deles:
Ditongos crescentes
Ocorre um ditongo crescente toda vez que, em uma sílaba, temos o encontro de semivogal e vogal, necessariamente nessa ordem. São exemplos de ditongo crescente as palavras “sérIE”, “colégIO”, “ágUA”, “freqUEnte”.
Ditongos decrescentes
É o contrário do ditongo crescente, é quando temos o encontro de vogal e semivogal, necessariamente nessa ordem. São exemplos de ditongos crescentes as palavras “pAU”, “cAI”, “dEU”, “vIU”.
Ditongos nasais e orais
Do mesmo modo com que as vogais podem ser orais ou nasais (dependendo se elas se formam com o ar passando na cavidade oral, ou na cavidade nasal), os ditongos também podem ser orais ou nasais. Um exemplo de ditongo nasal é a palavra “pÃO” e um exemplo de ditongo oral é a palavra “pAI”.
Tritongos
Um tritongo é o encontro entre uma semivogal, uma vogal e outra semivogal, necessariamente nessa ordem. Os tritongos também podem ser classificados em orais ou nasais. Um exemplo de tritongo oral é a palavra “ParagUAI” e um de tritongo nasal é a palavra “sagUÃO”.
Hiatos
Um hiato é o encontro entre duas vogais. Repare que tanto nos tritongos como os ditongos o encontro de vogais e semivogais se dá na mesma sílaba. Com o hiato é diferente: as vogais que se encontram sempre vão estar em sílabas diferentes. Um exemplo clássico de hiato é a palavra “pAÍs”.

Classificação dos fonemas

Os fonemas são classificados em consoantes e vogais. Existem duas formas de fazer essa classificação: a partir do ponto de vista articulatório (de acordo com os movimentos de articulação necessários para se produzir o som) e a partir da função silábica. Do ponto de vista articulatório, vogais são sons formados pela vibração das pregas vocais e modificados nas cavidades do aparelho fonador. Na produção das vogais, a corrente de ar passa livremente por essas cavidades. Com as consoantes o quadro se modifica, pois em sua execução há sempre um obstáculo à passagem de ar. Em relação à função silábica, vogais podem ser definidas como ocupadoras do centro da sílaba, enquanto consoantes ficam às margens da sílaba: sempre aparecem acompanhadas de uma vogal. 
Existe ainda outra categoria de classificação dos fonemas: as semivogais. Semivogais (ou semiconsoantes) são fonemas que ficam “no meio do caminho” entre vogais e consoantes, ou seja, apresentam características mistas. No português, são chamadas de semivogais o /i/ e o /u/ quando formam uma sílaba com uma outra vogal. Por exemplo, na palavra “herói” e “vários” o /i/ está na mesma sílaba do /o/ (HE-RÓI; VÁ-RIOS), sendo caracterizado como semivogal. O mesmo ocorre com o /u/ em palavras como “chapéu” e “quatro”. No entanto, repare que em palavras como “saúde” e “saía” (do verbo sair) o /u/ e o /i/ não são semivogais: são vogais, porque estão sozinhos em uma sílaba (SA-Ú-DE; SA-Í-A). Isso acontece porque a sílaba em que o /i/ e o /u/ se encontram é tônica e por isso eles não são semivogais nessas palavras.

Acento tônico

Acento tônico
Acento tônico é o maior grau de força ou intensidade com o qual pronunciamos uma certa sílaba em um vocábulo. À sílaba que recebe o acento tônico damos o nome de sílaba tônica e às sílabas que não recebem o acento tônico damos o nome de sílabas átonas. Não confunda acento tônico com acento gráfico. Acento gráfico é a marcação na escrita do acento tônico. É importante saber que nem todas as palavras recebem acento gráfico, mas todas as palavras têm acento tônico. Para se determinar em qual sílaba se encontra o acento tônico, basta “chamar” a palavra. Veja a figura abaixo:


As palavras podem ser classificadas de acordo com a localização da sílaba tônica. Elas podem ser classificadas em oxítonas, paroxítonas e proparoxítonas. As oxítonas apresentam o acento tônico na primeira sílaba, as paroxítonas na segunda sílaba e as proparoxítonas na terceira sílaba. Vale lembrar que a contagem de sílabas se dá a partir do final da palavra Veja o quadro abaixo:
Portanto, as palavras “oxítona”, “paroxítona” e “proparoxítona” são todas proparoxítonas, pois apresentam o acento tônico na terceira sílaba.

SONS DA FALA

Fonética e fonologia: os sons da fala

Fonética e Fonologia

Definição:

Fonética e Fonologia são disciplinas da Linguística que estudam os sons da fala e como eles são produzidos. A Fonética estuda os sons da fala e a Fonologia estuda a função desses sons dentro de uma determinada língua. Trocando em miúdos, a Fonética estuda como é produzido o som “X” e a Fonologia estuda que função esse som “X” tem na língua.


Os sons da fala:

Quando falamos, produzimos uma corrente de ar que sai de nossos pulmões e vai até nossa boca, passando por diversos órgãos e estruturas. Os sons da fala são produzidos quando alguns desses órgãos e estruturas agem sobre essa corrente, ou seja, quando há mudança dessa corrente de ar. O conjunto de órgãos e estruturas que produzem os sons de nossa fala é chamado de aparelho fonador

.


Os sons da fala podem ser classificados de acordo com seu vozeamento e sua nasalidade. Veja o quadro abaixo:


Um som é vozeado (ou sonoro) quando a corrente de ar que vem dos pulmões encontra as pregas vocais retesadas (fechadas), fazendo-as vibrar, produzindo o som vozeado como o percebido na palavra “Bato”. Um som é surdo quando a corrente de ar que vem dos pulmões encontra as pregas vocais relaxadas (abertas), não correndo virbração e produzindo o som surdo percebido na palavra “Prato.”

Um som é bucal quando a corrente de ar passa unicamente pela cavidade bucal. Esse tipo de som pode ser percebido na palavra “bAto”. Um som é nasal quando a corrente de ar passa, além de na cavidade bucal, também na cavidade nasal, produzindo sons como os das plavras “pÃo”, “leÃo”, “capitÃo”, “bANto”, “prANto”, etc.


Som e fonema:

Fonemas são os sons da fala que são capazes de estabelecer uma diferenciação de significado entre dois vocábulos. Em outras palavras, um fonema é um som que é capaz de distinguir uma palavra de outra. Por exemplo, nos vocábulos ERRO (do verbo errar: eu ERRO frequentemente) e ERRO (substantivo: o ERRO é uma oportunidade de aprendizagem) os sons /é/ (do verbo) e /ê/ (do substantivo) são fonemas porque diferenciam dois vocábulos. Um outro exemplo de fonema é o som /c/ e o som /p/ nas palavras CÃO e PÃO. Esses sons são fonemas porque diferenciam dois vocábulos de uma língua.

Note, no entanto, que o mesmo fonema nem sempre é realizado pelo mesmo som. Veja figura abaixo:


Os diferentes sons que podem realizar um fonema são chamados de alofones ou variantes. Tente perceber no seu dia a dia como é diverso o modo das pessoas pronunciarem uma mesma palavra e compreenda que isso é natural da comunicação humana. A variação na fala é alvo de muito preconceito no mundo todo. Isso é uma pena, pois a variação é uma das grandes riquezas que uma língua pode ter. É evidente que em situações mais formais deve-se falar de modo mais adequado, mas ninguém deveria sofrer preconceito pelo modo de falar. Quanto à escrita, aí é outra história. Na hora de escrever precisamos estar atentos e obedecer às regras de ortografia e de gramática. Isso porque a escrita não é uma transcrição direta da fala, tendo suas próprias regras e convenções que devem ser respeitadas. Já pensou se todo mundo resolvesse escrever do jeito que acha melhor? Não seria uma confusão? É por isso que essas regras e convenções existem, para facilitar a comunicação.



Quer saber mais?

Quer saber mais sobre fonética e fonologia? Visite o site da Associação de Fonética Internacional (http://www.arts.gla.ac.uk/IPA/ipa.html) ou leia a Gramática do Português Comtemporâneo, de Celso Cunha.

O NOSSO RETRATO

Um sábio e seu discípulo estavam sentados sobre uma grande pedra, à porta de uma escola. Observaram a chegada de um rapaz, que, friamente, perguntou ao sábio: "Que tipo de pessoa vive nesta escola?" O sábio fez, então, a seguinte pergunta: "Que tipo de pessoa vive na escola de onde você veio?" O rapaz respondeu: "Pessoas invejosas, traiçoeiras, arrogantes, ruins..." E o sábio retrucou: "Aqui, você vai encontrar pessoas desse mesmo tipo." Irritado, o rapaz afirmou: "Então vou embora. Não vou nem entrar aí."
Pouco tempo depois, chegou outro rapaz, vibrante, sorridente e alegre, que perguntou ao sábio: "Meu bom senhor, por gentileza, poderia me fazer o favor de informar que tipo de pessoa vive nesta escola?" Novamente, o sábio devolveu com a mesma pergunta: "Que tipo de pessoa vive na escola de onde você veio?" O rapaz respondeu: "Pessoas amáveis, inteligentes, responsáveis, objetivas, compreensivas, bondosas e alegres... Estou até com saudade delas. É que eu sou um aventureiro e adoro conhecer e conviver com novas pessoas, descobrir novos horizontes". O sábio então afirmou: "Aqui você vai encontrar pessoas desse mesmo tipo". "Que bom!", disse o rapaz... E entrou.
Perplexo o discípulo perguntou: "Como pode ser, mestre? Perguntas iguais, respostas iguais e resultados tão diferentes? O primeiro rapaz foi embora e o segundo ficou". O sábio respondeu: "Você traz em seu coração e em sua mente o meio onde você vive e que constrói e, assim, encontra também no seu caminho pessoas, que respondem aos seus sentimentos, conforme você trata cada uma delas e com elas se relaciona."
(Autor desconhecido)

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Consciência negra - 20 de novembro

Canto das Três Raças
Clara Nunes

Ninguém ouviu
Um soluçar de dor
No canto do Brasil
Um lamento triste
Sempre ecoou
Desde que o índio guerreiro
Foi pro cativeiro
E de lá cantou

Negro entoou
Um canto de revolta pelos ares
No Quilombo dos Palmares
Onde se refugiou

Fora a luta dos Inconfidentes
Pela quebra das correntes
Nada adiantou
E de guerra em paz
De paz em guerra
Todo o povo dessa terra
Quando pode cantar
Canta de dor

ô, ô, ô, ô, ô, ô
ô, ô, ô, ô, ô, ô
ô, ô, ô, ô, ô, ô
ô, ô, ô, ô, ô, ô

E ecoa noite e dia
É ensurdecedor
Ai, mas que agonia
O canto do trabalhador

Esse canto que devia
Ser um canto de alegria
Soa apenas
Como um soluçar de dor

Consciência negra - 20 de novembro




Meninos de todas as cores...

Era uma vez um menino branco chamado Miguel, que vivia numa terra de meninos brancos e dizia:
É bom ser branco
porque é branco o açúcar, tão doce,
porque é branco o leite, tão saboroso,
porque é branca a neve, tão linda.
Mas certo dia o menino partiu numa grande viagem e chegou a uma terra onde todos os meninos eram amarelos. Arranjou uma amiga chamada Flor de Lótus, que, como todos os meninos amarelos, dizia:
É bom ser amarelo
porque é amarelo o Sol
e amarelo o girassol
mais a areia da praia.
O menino branco meteu-se num barco para continuar a sua viagem e parou numa terra onde todos os meninos são pretos. Fez-se amigo de um pequeno caçador chamado Lumumba que, como os outros meninos pretos, dizia:
É bom ser preto
como a noite
preto como as azeitonas
preto como as estradas que nos levam para
toda a parte.
O menino branco entrou depois num avião, que só parou numa terra onde todos os meninos são vermelhos.
Escolheu para brincar aos índios um menino chamado Pena de Águia. E o menino vermelho dizia:
É bom ser vermelho
da cor das fogueiras
da cor das cerejas
e da cor do sangue bem encarnado.
O menino branco foi correndo mundo até uma terra onde todos os meninos são castanhos. Aí fazia corridas de camelo com um menino chamado Ali-Babá, que dizia:
É bom ser castanho
como a terra do chão
os troncos das árvores
é tão bom ser castanho como um chocolate.
Quando o menino voltou à sua terra de meninos brancos, dizia:
É bom ser branco como o açúcar
amarelo como o Sol
preto como as estradas
vermelho como as fogueiras
castanho da cor do chocolate.
Enquanto, na escola, os meninos brancos pintavam em folhas brancas desenhos de meninos brancos, ele fazia grandes rodas com meninos sorridentes de todas as cores.

LIVRO: Meninos de todas as cores, Luísa Ducla Soares





MAIS TIRINHAS







Trabalhando com tirinhas


Trabalhando com tirinhas

SUGESTÃO:
1- Pesquise no dicionário o significado de covarde.
2- Você acha que os fortes e coajosos são os que falam grosso, mentem e brigam pelo poder?
3- Quando uma pessoa é forte e corajosa?
4- Ser amável, educado com as outras pessoas é uma atitude corajosa? Por quê?
5- O personagem do quadrinho se deixou influenciar pela opinião dos outros?
6- Os corajosos de acordo com o cartoom são uma minoria. Você acha que também é corajoso? Por quê?


7- Nem todas as opiniões são boas e verdadeiras. O que devemos fazer quando não concordamos com a opiniao de alguém?
8- Quando devemos mudar de opinião?


9- De acordo com o desenho da terceira tirinha, qual o significado de 'respeito'
10- Mesmo quando não gostamos de o trabalho de alguém devemos valorizá-lo. Por quê?




OBSERVE AS IMAGENS E ESCREVA DENTRO DOS BALÕES EXPRESSANDO UMA MENSAGEM :
Mensagem de paz


Mensagem de respeito pela opinião alheia

Mensagem de respeito valorização do trabalho

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Download do livro Caim de José Saramago

Clique no link:
://www.4shared.com/document/UFConur-/Jose_Saramago_-_Caim.html

Caim é o último livro de autoria do laureado com o Nobel de Literatura José Saramago, e é outro de seus trabalhos que abordam a Bíblia (um é O Evangelho Segundo Jesus Cristo, publicado em 1991).
Em Caim, a interpretação bíblica do autor José Saramago é irreverente, irônica e mordaz, e não teme que os católicos voltem a crucificá-lo.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

TEXTO ARGUMENTATIVO

Como Estruturar um Texto Argumentativo


1. O texto argumentativo

     COMUNICAR não significa apenas enviar uma mensagem e fazer com que nosso ouvinte/leitor a receba e a compreenda. Dito de uma forma melhor, podemos dizer que nós nos valemos da linguagem não apenas para transmitir idéias, informações. São muito freqüentes as vezes em que tomamos a palavra para fazer com que nosso ouvinte/leitor aceite o que estamos expressando (e não apenas compreenda); que creia ou faça o que está sendo dito ou proposto.

     Comunicar não é, pois, apenas um fazer saber, mas também um fazer crer, um fazer fazer. Nesse sentido, a língua não é apenas um instrumento de comunicação; ela é também um instrumento de ação sobre os espíritos, isto é, uma estratégia que visa a convencer, a persuadir, a aceitar, a fazer crer, a mudar de opinião, a levar a uma determinada ação.

     Assim sendo, talvez não se caracterizaria em exagero afirmarmos que falar e escrever é argumentar.

     TEXTO ARGUMENTATIVO é o texto em que defendemos uma idéia, opinião ou ponto de vista, uma tese, procurando (por todos os meios) fazer com que nosso ouvinte/leitor aceite-a, creia nela.

     Num texto argumentativo, distinguem-se três componentes: a tese, os argumentos e as estratégias argumentativas.

     TESE, ou proposição, é a idéia que defendemos, necessariamente polêmica, pois a argumentação implica divergência de opinião.

     A palavra ARGUMENTO tem uma origem curiosa: vem do latim ARGUMENTUM, que tem o tema ARGU , cujo sentido primeiro é "fazer brilhar", "iluminar", a mesma raiz de "argênteo", "argúcia", "arguto".

     Os argumentos de um texto são facilmente localizados: identificada a tese, faz-se a pergunta por quê? (Ex.: o autor é contra a pena de morte (tese). Porque ... (argumentos).

     As ESTRATÉGIAS não se confundem com os ARGUMENTOS. Esses, como se disse, respondem à pergunta por quê (o autor defende uma tese tal PORQUE ... - e aí vêm os argumentos).

     ESTRATÉGIAS argumentativas são todos os recursos (verbais e não-verbais) utilizados para envolver o leitor/ouvinte, para impressioná-lo, para convencê-lo melhor, para persuadi-lo mais facilmente, para gerar credibilidade, etc.

     Os exemplos a seguir poderão dar melhor idéia acerca do que estamos falando.

     A CLAREZA do texto - para citar um primeiro exemplo - é uma estratégia argumentativa na medida em que, em sendo claro, o leitor/ouvinte poderá entender, e entendo, poderá concordar com o que está sendo exposto. Portanto, para conquistar o leitor/ouvinte, quem fala ou escreve vai procurar por todos os meios ser claro, isto é, utilizar-se da ESTRATÉGIA da clareza. A CLAREZA não é, pois, um argumento, mas é um meio (estratégia) imprescindível, para obter adesão das mentes, dos espíritos.

     O emprego da LINGUAGEM CULTA FORMAL deve ser visto como algo muito es-tra-té-gi-co em muitos tipos de texto. Com tal emprego, afirmamos nossa autoridade (= "Eu sei escrever. Eu domino a língua! Eu sou culto!") e com isso reforçamos, damos maior credibilidade ao nosso texto. Imagine, estão, um advogado escrevendo mal ... ("Ele não sabe nem escrever! Seus conhecimentos jurídicos também devem ser precários!").

     Em outros contextos, o emprego da LINGUAGEM FORMAL e até mesmo POPULAR poderá ser estratégico, pois, com isso, consegue-se mais facilmente atingir o ouvinte/leitor de classes menos favorecidas.

     O TÍTULO ou o INÍCIO do texto (escrito/falado) devem ser utilizados como estratégias ... como estratégia para captar a atenção do ouvinte/leitor imediatamente. De nada valem nossos argumentos se não são ouvidos/lidos.

     A utilização de vários argumentos, sua disposição ao longo do texto, o ataque às fontes adversárias, as antecipações ou prolepses (quando o escritor/orador prevê a argumentação do adversário e responde-a), a qualificação das fontes, a utilização da ironia, da linguagem agressiva, da repetição, das perguntas retóricas, das exclamações, etc. são alguns outros exemplos de estratégias.


2. A estrutura de um texto argumentativo

2.1 A argumentação formal

     A nomenclatura é de Othon Garcia, em sua obra "Comunicação em Prosa Moderna".

     O autor, na mencionada obra, apresenta o seguinte plano-padrão para o que chama de argumentação formal:
  1. Proposição (tese): afirmativa suficientemente definida e limitada; não deve conter em si mesma nenhum argumento.
  2. Análise da proposição ou tese: definição do sentido da proposição ou de alguns de seus termos, a fim de evitar mal-entendidos.
  3. Formulação de argumentos: fatos, exemplos, dados estatísticos, testemunhos, etc.
  4. Conclusão.

     Observe o texto a seguir, que contém os elementos referidos do plano-padrão da argumentação formal.


Gramática e desempenho Lingüístico

  1. Pretende-se demonstrar no presente artigo que o estudo intencional da gramática não traz benefícios significativos para o desempenho lingüístico dos utentes de uma língua.

  2. Por "estudo intencional da gramática" entende-se o estudo de definições, classificações e nomenclatura; a realização de análises (fonológica, morfológica, sintática); a memorização de regras (de concordância, regência e colocação) - para citar algumas áreas. O "desempenho lingüístico", por outro lado, é expressão técnica definida como sendo o processo de atualização da competência na produção e interpretação de enunciados; dito de maneira mais simples, é o que se fala, é o que se escreve em condições reais de comunicação.

  3. A polêmica pró-gramática x contra gramática é bem antiga; na verdade, surgiu com os gregos, quando surgiram as primeiras gramáticas. Definida como "arte", "arte de escrever", percebe-se que subjaz à definição a idéia da sua importância para a prática da língua. São da mesma época também as primeiras críticas, como se pode ler em Apolônio de Rodes, poeta Alexandrino do séc.II ª C.:

    "Raça de gramáticos, roedores que ratais na musa de outrem, estúpidas lagartas que sujais as grandes obras, ó flagelo dos poetas que mergulhais o espírito das crianças na escuridão, ide para o diabo, percevejos que devorais os versos belos".

  4. Na atualidade, é grande o número de educadores, filólogos e lingüistas de reconhecido saber que negam a relação entre o estudo intencional da gramática e a melhora do desempenho lingüístico do usuário. Entre esses especialistas, deve-se mencionar o nome do Prof. Celso Pedro Luft com sus obra "Língua e liberdade: por uma nova concepção de língua materna e seu ensino" (L&PM, 1995). Com efeito, o velho pesquisar apaixonado pelos problemas da língua, teórico de espírito lúcido e de larga formação lingüística, reúne numa mesma obra convincente fundamentação para seu combate veemente contra o ensino da gramática em sala de aula. Por oportuno, uma citação apenas:

    "Quem sabe, lendo este livro muitos professores talvez abandonem a superstição da teoria gramatical, desistindo de querer ensinar a língua por definições, classificações, análises inconsistentes e precárias hauridas em gramáticas. Já seria um grande benefício". (p. 99)

  5. Deixando-se de lado a perspectiva teórica do Mestre, acima referida suponha-se que se deva recuperar lingüisticamente um jovem estudante universitário cujo texto apresente preocupantes problemas de concordância, regência, colocação, ortografia, pontuação, adequação vocabular, coesão, coerência, informatividade, entre outros. E, estimando-lhe melhoras, lhe fosse dada uma gramática que ele passaria a estudar: que é fonética? Que é fonologia? Que é fonemas? Morfema? Qual é coletivo de borboleta? O feminino de cupim? Como se chama quem nasce na Província de Entre-Douro-e-Minho? Que é oração subordinada adverbial concessiva reduzida de gerúndio? E decorasse regras de ortografia, fizesse lista de homônimos, parônimos, de verbos irregulares ... e estudasse o plural de compostos, todas regras de concordância, regências ... os casos de próclise, mesóclise e ênclise. E que, ao cabo de todo esse processo, se voltasse a examinar o desempenho do jovem estudante na produção de um texto. A melhora seria, indubitavelmente, pouco significativa; uma pequena melhora, talvez, na gramática da frase, mas o problema de coesão, de coerência, de informatividade - quem sabe os mais graves - haveriam de continuar. Quanto mais não seja porque a gramática tradicional não dá conta dos mecanismos que presidem à construção do texto.

  6. Poder-se-á objetar que o ilustração de há pouco é apenas hipotética e que, por isso, um argumento de pouco valor. Contra argumentar-se-ia dizendo que situação como essa ocorre de fato na prática. Na verdade, todo o ensino de 1° e 2° graus é gramaticalista, descritivista, definitório, classificatório, nomenclaturista, prescritivista, teórico. O resultado? Aí estão as estatísticas dos vestibulares. Valendo 40 pontos a prova de redação, os escores foram estes no vestibular 1996/1, na PUCRS: nota zero: 10% dos candidatos, nota 01: 30%; nota 02: 40%; nota 03: 15%; nota 04: 5%. Ou seja, apenas 20% dos candidatos escreveram um texto que pode ser considerado bom.

  7. Finalmente pode-se invocar mais um argumento, lembrando que são os gramáticos, os lingüistas - como especialistas das línguas - as pessoas que conhecem mais a fundo a estrutura e o funcionamento dos códigos lingüísticos. Que se esperaria, de fato, se houvesse significativa influência do conhecimento teórico da língua sobre o desempenho? A resposta é óbvia: os gramáticos e os lingüistas seriam sempre os melhores escritores. Como na prática isso realmente não acontece, fica provada uma vez mais a tese que se vem defendendo.

  8. Vale também o raciocínio inverso: se a relação fosse significativa, deveriam os melhores escritores conhecer - teoricamente - a língua em profundidade. Isso, no entanto, não se confirma na realidade: Monteiro Lobato, quando estudante, foi reprovado em língua portuguesa (muito provavelmente por desconhecer teoria gramatical); Machado de Assis, ao folhar uma gramática declarou que nada havia entendido; dificilmente um Luis Fernando Veríssimo saberia o que é um morfema; nem é de se crer que todos os nossos bons escritores seriam aprovados num teste de Português à maneira tradicional (e, no entanto eles são os senhores da língua!).

  9. Portanto, não há como salvar o ensino da língua, como recuperar lingüisticamente os alunos, como promover um melhor desempenho lingüístico mediante o ensino-estudo da teoria gramatical. O caminho é seguramente outro.


    Gilberto Scarton



     Eis o esquema do texto em seus quatro estágios:

  • Primeiro estágio: primeiro parágrafo, em que se enuncia claramente a tese a ser defendida.

  • Segundo estágio: segundo parágrafo, em que se definem as expressões "estudo intencional da gramática" e "desempenho lingüístico", citadas na tese.

  • Terceiro estágio: terceiro, quarto, quinto, sexto, sétimo e oitavo parágrafos, em que se apresentam os argumentos.

    Terceiro parágrafo: parágrafo introdutório à argumentação.
    Quarto parágrafo: argumento de autoridade.
    Quinto parágrafo: argumento com base em ilustração hipotética.
    Sexto parágrafo: argumento com base em dados estatísticos.
    Sétimo e oitavo parágrafo: argumento com base em fatos.
  • Quarto estágio: último parágrafo, em que se apresenta a conclusão.


2.2 A argumentação informal

     A nomenclatura também é de Othon Garcia, na obra já referida.

     A argumentação informal apresenta os seguintes estágios:
    1. Citação da tese adversária
    2. Argumentos da tese adversária
    3. Introdução da tese a ser defendida
    4. Argumentos da tese a ser defendida
    5. Conclusão
     Observe o texto exemplar de Luís Alberto Thompson Flores Lenz, Promotor de Justiça.


Considerações sobre justiça e eqüidade

  1. Hoje, floresce cada vez mais, no mundo jurídico a acadêmico nacional, a idéia de que o julgador, ao apreciar os caos concretos que são apresentados perante os tribunais, deve nortear o seu proceder mais por critérios de justiça e eqüidade e menos por razões de estrita legalidade, no intuito de alcançar, sempre, o escopo da real pacificação dos conflitos submetidos à sua apreciação.

  2. Semelhante entendimento tem sido sistematicamente reiterado, na atualidade, ao ponto de inúmeros magistrados simplesmente desprezarem ou desconsiderarem determinados preceitos de lei, fulminando ditos dilemas legais sob a pecha de injustiça ou inadequação à realidade nacional.

  3. Abstraída qualquer pretensão de crítica ou censura pessoal aos insignes juízes que se filiam a esta corrente, alguns dos quais reconhecidos como dos mais brilhantes do país, não nos furtamos, todavia, de tecer breves considerações sobre os perigos da generalização desse entendimento.

  4. Primeiro, porque o mesmo, além de violar os preceitos dos arts. 126 e 127 do CPC, atenta de forma direta e frontal contra os princípios da legalidade e da separação de poderes, esteio no qual se assenta toda e qualquer idéia de democracia ou limitação de atribuições dos órgãos do Estado.

  5. Isso é o que salientou, e com a costumeira maestria, o insuperável José Alberto dos Reis, o maior processualista português, ao afirmar que: "O magistrado não pode sobrepor os seus próprios juízos de valor aos que estão encarnados na lei. Não o pode fazer quando o caso se acha previsto legalmente, não o pode fazer mesmo quando o caso é omisso".

  6. Aceitar tal aberração seria o mesmo que ferir de morte qualquer espécie de legalidade ou garantia de soberania popular proveniente dos parlamentos, até porque, na lúcida visão desse mesmo processualista, o juiz estaria, nessa situação, se arvorando, de forma absolutamente espúria, na condição de legislador.

  7. A esta altura, adotando tal entendimento, estaria institucionalizada a insegurança social, sendo que não haveria mais qualquer garantia, na medida em que tudo estaria ao sabor dos humores e amores do juiz de plantão.

  8. De nada adiantariam as eleições, eis que os representantes indicados pelo povo não poderiam se valer de sua maior atribuição, ou seja, a prerrogativa de editar as leis.

  9. Desapareceriam também os juízes de conveniência e oportunidade política típicos dessas casas legislativas, na medida em que sempre poderiam ser afastados por uma esfera revisora excepcional.

  10. A própria independência do parlamento sucumbiaria integralmente frente à possibilidade de inobservância e desconsideração de suas deliberações.

  11. Ou seja, nada restaria, de cunho democrático, em nossa civilização.

  12. Já o Poder Judiciário, a quem legitimamente compete fiscalizar a constitucionalidade e legalidade dos atos dos demais poderes do Estado, praticamente aniquilaria as atribuições destes, ditando a eles, a todo momento, como proceder.

  13. Nada mais é preciso dizer para demonstrar o desacerto dessa concepção.

  14. Entretanto, a defesa desse entendimento demonstra, sem sombra de dúvidas, o desconhecimento do próprio conceito de justiça, incorrendo inclusive numa contradictio in adjecto.

  15. Isto porque, e como magistralmente o salientou o insuperável Calamandrei, "a justiça que o juiz administra é, no sistema da legalidade, a justiça em sentido jurídico, isto é, no sentido mais apertado, mas menos incerto, da conformidade com o direito constituído, independentemente da correspondente com a justiça social".

  16. Para encerrar, basta salientar que a eleição dos meios concretos de efetivação da Justiça social compete, fundamentalmente, ao Legislativo e ao Executivo, eis que seus membros são indicados diretamente pelo povo.

  17. Ao Judiciário cabe administrar a justiça da legalidade, adequando o proceder daqueles aos ditames da Constituição e da Legislação.

Luís Alberto Thompson Flores Lenz



     Eis o esquema do texto em seus cinco estágios;

  • Primeiro estágio: primeiro parágrafo, em que se cita a tese adversária.

  • Segundo estágio: segundo parágrafo, em que se cita um argumento da tese adversária "... fulminando ditos dilemas legais sob a pecha de injustiça ou inadequação à realidade nacional".

  • Terceiro estágio: terceiro parágrafo, em que se introduz a tese a ser defendida.

  • Quarto estágio: do quarto ao décimo quinto, em que se apresentam os argumentos.

  • Quinto estágio:os últimos dois parágrafos, em que se conclui o texto mediante afirmação que salienta o que ficou dito ao longo da argumentação.